Dedicado às mulheres inteiras e ativas de todas as idades, cores e formas. Mulheres que interagem e abraçam a vida como der, puder e vier.
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Anna Isabella Mognone
Ontem a tarde, vendo TV despreocupadamente, parei em um filme num destes Telecines da vida. Naquele momento peguei informação mais detalhada sobre o filme e me pareceu mais um melodrama com nome em português perigosamente apelativo e comum: “Em busca de um milagre”. Mas resolvi vê-lo porque, enfim, acredito que as mensagens aparecem quando precisamos delas. A história é de um menino de 14 anos que estuda em um colégio de padres, é órfão de pai e sua mãe está em coma em um hospital. Ele resolve buscar um milagre que possa tirar sua mãe do coma. Irchhhhh... Muito lacrimogênico, apelativo e previsível, não? Não. Não mesmo. Não vi o começo do filme, mas deu para perceber que este menino não era o protótipo do santinho. Ele não consegue rezar, apronta na escola, adora uma masturbação. Com esta vida de perdas afetivas ele resolve buscar um milagre que salve a vida de sua mãe, e a dele, conseqüentemente. Não busca nas preces, não busca através de vãs promessas, não busca pela ciência. A sua busca é através da crença em si mesmo, em suas ações, em sua determinação. Acredita que será recompensado pelos céus se conseguir vencer a maratona de Boston. Para tal, começa a treinar desesperadamente com o apoio de um padre, ex-corredor, ambos contrariando as diretrizes do padre reitor do colégio e enfrentando o escárnio dos colegas em geral.
Chega a maratona e ele... chega em segundo. Tadinha da mamãe... Bem foi neste ponto que o filme me surpreendeu e me pegou de jeito. Ao voltar para o colégio, os mesmos meninos que não o valorizavam perceberam que seu esforço foi uma vitória. Quando entrou no restaurante foi aplaudido por todos. O padre-mala (reitor) também passa a admirá-lo e permite que ele continue na escola. Ele continua a correr e passa a ter como novo objetivo vencer a Olimpíada que ocorrerá no ano seguinte. Parece um final feliz, mas para mim, é mais que isto. É a forma com que ele aprendeu a lidar com sua dor que o fez vencedor, com direito a “final feliz” (apesar de que nada é final e nada é totalmente feliz). É a força de sua crença em mudar a freqüência de sua vida. Sair do drama para a comédia, da solidão para a cooperação, da dor para o amor, do ceticismo para o sonho e do sonho para a vida. É perceber que vivemos, a princípio, só uma vez. Vivemos para ter momentos felizes, vivemos para ser amor, vivemos para ter amor, vivemos para vencer. Vencer o medo, a dor, a descrença, a desilusão. Vencer nós mesmos, muitas vezes nosso maior inimigo. Bem, não sei se consegui passar o que senti. Se não, vejam o filme. Juro que não é melodrama. Bem, se for muitos são bobos que nem eu, pois este filme venceu o Festival Internacional de Cinema de Toronto, Canadá, em 2004. Quando a descrença estiver entrando em sua alma, vale a pena ver este filme. O nome original é Saint Ralph e é um filme canadense. Ah, a mãe sai do coma claro. Deus também sabe reconhecer qual é verdadeira vitória.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabens pelo texto, vou correndo alugar o filme.
beijinhos, Amiga