Diretamente de Cachoeiro de Itapemirim

20/04/09

Sônia Araripe

A grande vantagem de ter amigos é esta. Ainda mais amigos antenados, em diferentes lugares deste certo planeta chamado Terra. Marília Mignoni é uma destas queridas. Começou como leitora assídua do Jornal do Brasil. Ficamos amigas virtuais. Nunca nos vimos, mas somos amigas mesmo. Do lado esquerdo. Estamos sempre trocando mensagens, nos falando.

Juíza de Direito aposentada, escritora nas horas vagas, cantora de canto coral das boas, em uma verve e inteligência ímpares. Nasceu e vive até hoje no meu pequeno Cachoeiro. Acompanha a carreira de Roberto Carlos - isso, do nosso Rei - desde garota.

Nossa querida Marília esteve in loco no show que abriu a turnê dos 50 anos de carreira do cantor capixaba feito ela. Nos conta detalhes. Todo o frisson. Maria Lúcia, minha linda, este é especial para você.

Como é grande o nosso amor... por você!

Marília Mignoni

"Fui ao show, sim. Não poderia ter deixado de ir. Consegui, na maior sorte, comprar os ingressos por telefone, porém, muito embora tenha conseguido lugares na quinta fila (as primeiras estavam reservadas para os patrocinadores e para a produção), ficamos muito de lado do palco. Não tínhamos visão de frente. Mas deu para ver Roberto de perto e curtir a festa. Foi muito bonito!

Aliás, ele é exigente e os shows dele sempre são muito bons. Muita gente não foi porque não conseguiu ingressos em cadeiras numeradas. Aquelas sem numeração ficavam atrás das numeradas e a visão era pior. Acho que quem se divertiu foi a "galera" da arquibancada. Teve uma visão geral de todo o estádio e deve ter visto o rosto de Roberto pelos telões. E fez festa. Cantou, gritou, fez "ola", foi uma beleza.

Na hora do show, silêncio total, com exceção dos fins das músicas ou gritos e aplausos no começo de outras. Achei que a música mais festejada e cantada, além de "Meu Pequeno Cachoeiro", foi "Como é grande o meu amor por você". Teve bolo e parabéns pra você.

O povo cantou e aplaudiu. No final, Roberto ficou quinze minutos distribuindo rosas e ganhando presentes. Fiquei admirada: como o povo levou presentes e entregou a ele ou aos assessores que estavam junto! Interessante é o fanatismo. Uma senhora idosa do meu lado (deve ter a minha idade, suponho), não parava de gritar o nome dele e dizer "eu te amo". Depois se levantou e em pé, próximo ao palco, chorou muito. Foi comovente.

Roberto Carlos faz parte da minha vida. Não é de hoje. Tinha mais ou menos uns 10 anos quando vi pela primeira vez Roberto Carlos se apresentando na Rádio Cachoeiro, aqui mesmo em Cachoeiro de Itapemirim, Estado do Espírito Santo. Ele é um ano mais novo do que eu e fiquei deslumbrada com sua voz: possante, aguda, voz de criança afinada que sabe cantar.

A partir daí ele passou a ter seu programa aos domingos e era a atração do “Programa Infantil”. Ficou famoso em Cachoeiro. Na época ele ainda era o Zunga, filho da dona Laura e do seu Robertino Braga. Ele e dona Laura sempre foram muito unidos e eu me lembro dos dois subindo a ladeira da Rua Coronel Guárdia para as ladainhas da festa de Nossa Senhora da Penha ou para a Missa aos domingos.

Uns dois anos depois ele já era o estudante do ginasial do Liceu Muniz Freire, vestido com o uniforme de cor cáqui. Eu me lembro, como se fosse hoje, de vê-lo de mãos dadas com a namoradinha, andando pela Rua Moreira rumo ao Liceu.

Depois o Zunga sumiu e apareceu o Roberto Carlos, já gravando discos, se apresentando em programas de TV, na década de 1960.

Foi homenageado em 1969 com o título de “Cachoeirense Ausente no 1, na Festa de Cachoeiro. A cidade está em festa, engalanada, o povo está feliz e honrado com a escolha feita por ele. Obrigada Roberto Carlos pela homenagem que você presta a Cachoeiro. Parabéns pelo seu aniversário. "