Muito tempo atrás, na minha outra vida - quando eu ainda era 100% Made in Brazil - já me deprimia o apelo que muitas bandas eróticas (Mamonas, Tchans e afins) faziam às crianças. “Tudo é inocente, uma grande brincadeira, as crianças são quem melhor nos entendem”, diziam os componentes dessas bandinhas que faturavam milhões. Seus hits eram onipresentes: na casa de amigos, nas novelas, nas entrevistas de TV, elevador, dentista, festas infantis e acreditem se quiser (claro que vocês acreditam) até em festa de casamento que era o fino do finório cheguei a ver noivos ralarem na boquinha da garrafa. Faltou eu ouvir o “tchan, tchan tchan, tchan, tchan !” em funeral porque ninguém do meu círculo de amizades morreu naquela época. Porque se rolasse um funério ah, tenho certeza que alguém ia ameaçar pegar uma garrafinha pra ralar e o defunto não iria rolar dentro do túmulo. Normal.
Pouco tempo atrás a Ruth de Aquino, colunista da revista Época escreveu um texto hilário e alarmante: “Créu nelas ! Bope neles !” onde se mostrava bem desapontada com o entusiasmo dos pais que corriam para comprar fantasias de membro do Bope e dançarina de créu (ui, sei la o que é isso) para seus filhos.
Estou atrasada. Falo em termos de tchans e créus. “Qual será a do momento?” me pergunto a me, myself and I. Quero me atualizar !
Fast forward. Está na capa da Isto Ė de hoje, domingo 5 de abril: "Os riscos do Sexo Precoce” a história de uma menina de 11 que convidou o amiguinho de 13 para fazer sexo e um outro menino para filmar. Isso numa cidadezinha de 19mil almas. A coisa toda foi parar na Internet. As crianças e as famílias estão bem deprimidas. A menina que segundo a reportagem estava muito desenvolta no vídeo disse ao repórter que aprendeu tudo “assistindo a vários filmes pornográficos”. Vale a pena ler. A reportagem destaca que “há uma conjunção de fatores que levaram a esse quadro que culminou com histórias como a do sexo quase infantil de Ibirubá. A dificuldade dos pais em impor limites, a falta de orientação sexual eficiente nas escolas e uma cultura de massa extremamente erotizada são fortes estímulos. A internet também é decisiva na hora de facilitar o acesso das crianças a conteúdos proibidos.” (nota: o destaque em negrito é da própria reportagem)
Pais, mães, titios (as) padrinhos e madrinhas... faço um apelo aqui. Cuidem bem de suas crianças. Há coisas muito mais interessantes para celebrar com elas do que aplaudi-las como cachorronas (ou ir ao chão ou... whatever!).
4 comentários:
Complementando sua observação que achei muito pertinente, gostaria de relatar o quanto fiquei chocada c a nota de hj no jornal sobre crianças se prostituindo a 1,99 em plena luz do dia na zona sul do rio de janeiro... A cultura que se desenvolve é a de desvalorização da vida e dos laços afetivos, representada pela sexualidade precoce e gravidez irresponsável, resultando em seres com comportamento violento e cruel.
Thati
Concordo com o autor do texto. Acho que o povo brasileiro e muito complacente mesmo ! Mayra
É muito chocante mesmo observar como a vida se torna banal nos noticiários.
10! Concordo plenanamente. Mas
confesso que gostava dos mamonas, no entanto, sabia que não era boa coisa. Hoje sou mãe e me preocupo muito... é violência, pedofilia, erotismo. Que Deus nos guarde, a nós e a nossos filhos.
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