As poucas pessoas que ainda restavam na praia mal perceberam a passagem daquele cometa cruzando o céu ainda laranja daquele fim de tarde. Passou a jato. Bola cheia de gás que encontra um alfinete e sai serpenteando pelo ar. Bailarina epiléptica. Descontrolada. A aterrissagem, ninguém poderia ver, tampouco. Depois da dança louca, aterrissou em pleno Dois Irmãos. Murcha. Vazia. Aliviada. Deu sorte de cair em uma clareira. Olhou-se de cima a baixo. Apalpou o rosto, a cabeça, os membros superiores e inferiores. Nenhum prejuízo irreversível. Estava intacta. Olhou em volta e se deu conta de que, dali, podia avistar o mar. O céu, ainda multicolor. Sentiu uma alegria que só aquele vazio interior permitiria. Há muito não se sentia assim. Tão vazia. Tão cheia de si. Estava cansada. Exausta. Um pouco tonta também. Devem ter sido as piruetas... As luzes da cidade baixa começavam a se acender e, em segundos, já não se via mais o mar. Arriscou-se demasiado, mas fizera o que precisava. Agora, já não tinha medo. Era só recomeçar. Sem dúvidas. Sem mágoas. Respirou lentamente. Sentia o corpo encher-se de um ar novo e fresco. Adormeceu. Sono profundo e tranqüilo. Sem sobressaltos. Quando o despertador tocou, não se assustou. Era só um outro dia. Espreguiçou-se bem devagar, sentia cada movimento do corpo. Levantou-se. Ainda se surpreendeu quando nem o espelho do banheiro, seu velho companheiro, a reconheceu. Aquela outra mulher não estava mais ali.
Dedicado às mulheres inteiras e ativas de todas as idades, cores e formas. Mulheres que interagem e abraçam a vida como der, puder e vier.
Sempre desejadas!
Sempre desejadas!
OUTRA MULHER
As poucas pessoas que ainda restavam na praia mal perceberam a passagem daquele cometa cruzando o céu ainda laranja daquele fim de tarde. Passou a jato. Bola cheia de gás que encontra um alfinete e sai serpenteando pelo ar. Bailarina epiléptica. Descontrolada. A aterrissagem, ninguém poderia ver, tampouco. Depois da dança louca, aterrissou em pleno Dois Irmãos. Murcha. Vazia. Aliviada. Deu sorte de cair em uma clareira. Olhou-se de cima a baixo. Apalpou o rosto, a cabeça, os membros superiores e inferiores. Nenhum prejuízo irreversível. Estava intacta. Olhou em volta e se deu conta de que, dali, podia avistar o mar. O céu, ainda multicolor. Sentiu uma alegria que só aquele vazio interior permitiria. Há muito não se sentia assim. Tão vazia. Tão cheia de si. Estava cansada. Exausta. Um pouco tonta também. Devem ter sido as piruetas... As luzes da cidade baixa começavam a se acender e, em segundos, já não se via mais o mar. Arriscou-se demasiado, mas fizera o que precisava. Agora, já não tinha medo. Era só recomeçar. Sem dúvidas. Sem mágoas. Respirou lentamente. Sentia o corpo encher-se de um ar novo e fresco. Adormeceu. Sono profundo e tranqüilo. Sem sobressaltos. Quando o despertador tocou, não se assustou. Era só um outro dia. Espreguiçou-se bem devagar, sentia cada movimento do corpo. Levantou-se. Ainda se surpreendeu quando nem o espelho do banheiro, seu velho companheiro, a reconheceu. Aquela outra mulher não estava mais ali.
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