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Canastrice

Autor(es): Agencia o Globo/Nelson Motta
O Globo - 08/10/2010

Na novela "Passione", Gerson é um personagem que tem um vÍcio secreto e se trata com um terapeuta, interpretado não por um ator, mas por um terapeuta de verdade. O dr. Flávio Gikovate tem um sólido conceito profissional, mas como não é ator e nem tem técnica de interpretação, não está conseguindo convencer como? o que realmente é: um terapeuta competente. Qualquer ator competente, sem entender nada de terapia mas bem dirigido, seria mais convincente. Às vezes, a tentativa de dar "mais verdade" às cenas pode levar o público a acreditar menos.

Alguns profissionais vitoriosos em outras áreas têm também um talento natural para a interpretação. Entres eles, o diretor de cinema e publicidade Fernando Meirelles destaca Lula como o maior ator em atividade. Mesmo exagerando e sentimentalizando o seu personagem, Lula consegue convencer o público interpretando-o com emoção e eficiência. Pode-se gostar dele ou não, mas Lula raramente é canastrão. Mesmo quando finge acreditar em suas próprias mentiras.

Mas são casos raros, a maioria dos políticos, ao interpretar os seus próprios personagens, revela sua irremediável canastrice. Mas mesmo assim, e por outros meios, vão em frente e conseguem fazer carreiras, apesar da canastrice. Como galãs ou vilões, canastrões têm sempre o seu lugar no cinema e na televisão, porque divertem as massas como caricaturas, e, por contraste, valorizam os atores de verdade. Canastrões fazem história, desde o bíblico Victor Mature de "Sansão e Dalila" ao caubói Ronald Reagan, que canastrava na tela, mas não como presidente dos Estados Unidos, seu melhor papel, que interpretou tão bem que se tornou um grande presidente de verdade.

Dilma e Serra podem ser bons gerentes, ministros ou presidentes, mas interpretando eles mesmos, com script dos marqueteiros, são dois canastrões. Os piores momentos são quando eles tentam parecer mais simpáticos, doces e afetuosos do que são. Pior, só se chorassem. Mas agora a novela acabou e começa o Big Brother.

Uma das vitórias de Marina foi expor essa canastrice, sendo e convencendo como intérprete - e autora - de si mesma.

Um comentário:

Maria Lúcia Poyares disse...

quanta verdade... estou de acordo