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Flores, de Oscar Araripe, na ABL



O pintor Oscar Araripe, carioca da gema, radicado em Tiradentes (MG) há anos, lança amanhã, na Galeria Manuel Bandeira, da Academia Brasileira de Letras, no Rio, sua bele exposição "Flores". São 24 acrílicos sobre telas sintéticas. Obras belíssimas como as que postamos aqui.

A curadoria é de Alexei Bueno e a coordenação geral de Cidinha de Alencar Araripe.

Nesta quarta, dia 1 de setembro, a partir das 18h. No prédio da ABL, aquele preto grande, Av. Presidente Wilson, 231, esquina com Antônio Carlos. Quem não puder estar na abertura, poderá visitar "Flores" até o dia 8 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h. Entrada gratuita.

Segue abaixo o texto que Oscar preparou para apresentar a expo que marca seu retorno ao Rio após 18 anos (a última foi no CCBB).

"Revolução em Pintura é pintar um novo jarro de flores.

A Pintura é uma arte extremamente difícil que se deve fazer com muita facilidade.

Pretensiosa pretensão. Desvairada arte.

São apenas jarros de flores, de flores apenas.

Síntese: Fazer de tudo, de tudo fazer, para depois só flores pintar.

Prefiro os jarros que não são flores, as flores de arte e a arte que cria as flores. Nada mais justo, nada melhor que uma “natureza morta”, bem vivida e pintada.

Falasse eu de flores. Mas não. Falo de borboletas. As flores não valem nada. Farfalhas, papalotes, papillons, mariposas, butterflies, borboletas são farfalas, papalotes, papillons, mariposas, butterflies. Psyche. Nada mais.

Olhai, amados senhores, estas novas toalhas de mesa. Vejam este vermelho de fogo, este dourado digno da tenda de Saladino. Este preto de pó preto, que mal vejo, e que é feito de osso cremado. Azul. Azul é obra do amarelo, grande senhor do Sol, o melhor amigo de meus ombros. Balas de Laranja. Lembrança, sabor. Infância, rosa-de-meninice. Frutas, flores nos quintais dos gozos repostos.

Receber com flores. Nada melhor.

Nada maior.

Olho o jardim do céu e pinto flores- flores são mais flores quando já não o são.

Pintor, ouso diser: - as cores não existem. Existe a arte e a arte faz a vida e a vida as cores. Sem vida não é cor; é tinta. Cores, tintas... Umas não existem, outras não valem nada.

Olhar a natureza, fechar os olhos, e pintar.

Por pintura na inteligência. Amo o talento que corrige a regra e a emoção.

A Pintura é o silêncio. Palavras podem vir depois, nunca antes, raramente durante. Maior que o silêncio da natureza só o silêncio de um bom quadro.

A linha é libertária; deve-se desenhar pintando. Tanto quanto a cor, a linha revela o pintor. Não sou moderno. Muito menos contemporâneo. Sou pessoal, fora do centro, talvez arcaico.

Pinto na Horizontal, num cavalete horizontal, bem perto da tela-, ando em volta da pintura, mas sem recear pisá-la. Preciso de um só pincel, algumas tintas e o Sol.

O verdadeiro dinheiro é a pintura. Status é ter e cuidar de um jardim. Quanto mais poesia, mais poder.

Veloz como a vida numa pintura.

Eu pinto flores para viver de cores e morrer alegre
."

Oscar Araripe / setembro de 2010.