Dedicado às mulheres inteiras e ativas de todas as idades, cores e formas. Mulheres que interagem e abraçam a vida como der, puder e vier.
Sempre desejadas!








Príncipe ou cinderela?


Jornalistas lançam guia bem humorado para as mulheres descobrirem se têm mesmo um homem para chamar de seu

Por Sônia Araripe*
Foto: Divulgação/Cris Lacerda

A mulher veste um pretinho chique para festa, faz uma escova básica e a primeira pergunta que o seu “ficante” lhe pergunta é aquele vestido “des-lum-bran-te” é Prada. Em outra situação, o rapaz forte da academia acaba virando seu namorado. E um dia, depois de muito se olhar no espelho, pergunta para a namorada se ela não acha que ele precisa de uma boa lipoaspiração. Estas e outras situações devem acender o sinal amarelo. Em tempos de Copa, podem até render cartão vermelho. O tão sonhado príncipe pode ser, na verdade, uma cinderela. A partir do depoimento real de uma executiva – batizada com o nome fictício de Sofia, que se descobriu casada com um gay enrustido - as jornalistas Consuelo Dieguez e Ticiana Azevedo resolveram escrever um guia para ajudar mulheres – e, porque não, também os moçoilos ainda dentro do armário – a descobrirem de que lado estão. O recém-lançado Cuidado! Seu príncipe ou pode ser uma cinderela, da Editora BestSeller, Grupo Editorial Record (208 págs, R$ 19,90), já entrou na lista dos mais vendidos da Revista Veja. E despertou o interesse de quem deseja ver a ideia transformada em filme.


Mas seria mais um best-seller de auto-ajuda? “Digamos que seja uma auto-ajuda bem humorada. O livro dá dicas das mais óbvias às mais sutis para as mulheres identificarem um gay no armário. Sim, porque tem muita mulher que não enxerga até os sinais mais aparentes de que aquele deus que ela paquera é gay”, conta Ticiana. O livro dá dicas, mas o objetivo, advertem as autoras, não é deixar leitores neuróticos para descobrir quem é príncipe ou cinderela. Divorciada, sempre bem-humorada, Ticiana dá uma gargalhada solta quando conta que já paquerou alguns belos mancebos que descobriu serem gays. Se transformaram em amigos. Consuelo, casada há 15 anos com um príncipe, adverte que não há receita milagrosa. “Não há homem ideal, assim como também não há mulher ideal. Temos que encontrar parceiros sabendo que os príncipes, às vezes, viram sapos e depois voltam a ser príncipes.” Como boas apuradoras, as jornalistas ouviram vários depoimentos – de gays, de heteros, de médicos, de professores de academias, etc - para construir este divertido livro. A seguir confira a entrevista de Consuelo e Ticiana.

***

Como surgiu a ideia de escrever o livro?
Consuelo Dieguez
- Nós, de vez em quando, falávamos dessa questão de gay no armário já que muitas amigas e conhecidas viviam reclamando de terem conhecido homens maravilhosos que, no final, eram gays. A Ticiana mesmo, há uns seis anos, estava interessada em cara que ela desconfiava que fosse gay. Ela me pediu que eu fosse com ela num almoço para conhecer o tal paquera. Eles ficaram amigos e ele acabou contando que era mesmo gay. Mas o que deslanchou o projeto foi o encontro, no ano passado, com uma executiva conhecida nossa, que nos contou que, após sete anos de casada, descobriu que o marido era gay. Ela, que no livro aparece com o nome fictício de Sofia, nos perguntou se não gostaríamos de escrever sua história. Nós topamos na hora. Achamos que é um tema super atual.

O tom do livro é engraçado ou é do tipo "auto-ajuda"?
Ticiana Azevedo
- Digamos que seja uma auto-ajuda bem humorada. Como a própria Sofia contou sua história de forma super bem humorada (hoje ela já deu a volta por cima), nós achamos que a melhor maneira de abordar esse tema que é dramático para os dois lados -- tanto para a mulher quanto para o gay no armário -- era de uma maneira leve e divertida. O livro dá dicas das mais óbvias às mais sutis para as mulheres identificarem um gay no armário. Sim, porque tem muita mulher que não enxerga até os sinais mais aparentes de que aquele deus que ela paquera é gay.

Contaram com a ajuda de quem "viveu" situações parecidas para fazerem o livro como se fosse um guia?
Consuelo e Ticiana
- Depois das conversas com Sofia nós fomos fazer nossas "pesquisas" de campo. Ouvimos mulheres que viveram essa situação, gays, ex-gays no armário, heteros, médicos, psicólogos, professores de academia de ginástica, promoter de boates gays, modelos que saem com gays que precisam de uma mulher ao lado como disfarce e mais um monte de palpiteiros. Incrível, todas as vezes que falávamos que estávamos escrevendo um livro sobre o assunto, sempre tinha alguém com uma história para contar. Por isso, todos os depoimentos e situações narradas no livro são reais. Apenas trocamos os nomes das pessoas.


E devem também ter ouvido muitos relatos de como está cada vez mais difícil mesmo para mulheres lindas, como vocês, encontrar um príncipe de verdade?
Consuelo
- Eu já estou casada há 15 anos com meu príncipe, que não é cinderela. Ticiana é divorciada e já topou com uns gays enrustidos, mas não chegou a namorá-los porque percebeu a tempo a armadilha. Mas acho que encontrar o príncipe é difícil para todas nós. Mesmo porque, nenhum homem é principe o tem todo. Homem ideal não existe, assim como não existe a mulher ideal. Acho que temos que encontrar parceiros sabendo que os príncipes, às vezes, viram sapos e depois voltam a ser príncipes. O complicado é quando eles são cinderelas e usam as mulheres para disfarçar sua opção sexual. E isso parece que tem sido cada vez mais frequente.

Diante do sucesso, já pensaram em um desdobramento do lançamento?
Ticiana
- No momento nós estamos focadas na divulgação do nosso livro. Mas já recebemos propostas para transformar o livro em filme. Essa é uma idéia que nos empolga bastante.

Depois que lançaram, tiveram muitos retornos de mulheres confirmando que há mesmo muitos príncipes que são cinderelas?
Consuelo e Ticiana
- Muita gente nos deu retorno relatando experiências parecidas com as relatadas no livro. Outro dia, fizemos um evento numa livraria no Rio, e várias mulheres vieram nos procurar para contar suas histórias. Outras queriam que respondessemos se seus maridos ou namorados eram ou não gays. Bom, esse tipo de consultoria nós não damos. (risos) Apenas damos as dicas. Cada uma, usando o seu bom senso, é que tem que chegar a conclusão se seu príncipe é ou não uma cinderela. Sim, e é bom lembrar, que apesar das nossas dicas, sempre existem exceções.

Nestes tempos modernos, tiveram também algum retorno de quem tenha confessado ter uma cinderela em casa e ser muito feliz?
Consuelo e Ticiana
- Olha, até topamos com situações como essas. Mulheres que escreveram que já se relacionaram com gays e foi ótimo. Mas isso vai da cabeça de cada um, não é?

Na linha do "politicamente corretos", chegaram a receber alguma crítica de ONGs que defendem os homossexuais? Afinal, ser gay é natural, o difícil é sair do armário.

Consuelo
- Não ouvimos nenhuma crítica de ONGs e nem de movimentos gays. Já sofremos alguns ataques isolados de alguns gays. Mas é incrível. Pelos comentários que fazem, essas pessoas sequer leram o livro e tiraram suas conclusões por causa de uma ou outra nota de jornal. O livro não tem nada contra gays, pelo contrário. Nossa crítica é ao gay enrustido. Tanto que chamamos o jornalista Gilberto Scofield, um gay assumidissimo, nosso amigo, para escrever o prefácio do livro. E ele mesmo critica o comportamento dos enrustidos. Considera não só covardia, como um grande egoísmo o cara não se assumir e arrastar uma infeliz junto com ele. O mais legal é que temos tido retorno de ex-gays enrustidos que nos contaram, com muito humor, que se identificaram com várias situações vividas no livro. Muitos gays assumidos, que já estiveram no armário, nos disseram que, antes de lerem o livro, pensavam que poderia ser algo ofensivo aos gays e que descobriram, após a leitura, que o livro não só é elogioso aos que têm coragem de se assumir, como um estímulo para os enrustidos saírem do armário. Para pararem de fingir, de sofrer e de fazer outras pessoas sofrerem.

*Jornalista, é casada com o mesmo “príncipe” – quase “santo” - por lhe aturar por exatos 20 anos. Editora de Plurale em revista e Plurale em site, com foco em Sustentabilidade. E-mail: soniaararipe@plurale.com.br. Publicada inicialmente em Balaio de Notícias.

4 comentários:

MÁRCIA MELCHIOR disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MÁRCIA MELCHIOR disse...

Exelente !!! Adorei o tema!

Mônica Angeleas disse...

O tema do livro é super interessante e a entrevista está ótima!
Agora uma observação, eu não entendo pq "sair do armário" é um termo usado para gays, qdo historicamente quem normalmente fica lá dentro é o Ricardão... Vai saber!!! rsrsrsrs

Maria Lúcia Poyares disse...

Depois de ler e reler a interessante entrevista das espirituosas jornalistas fiquei pensando:
...bons tempos àqueles em que as mulheres eram menos indagativas e se entregavam ao prazer de amar, amar e se sentirem amadas...