Dedicado às mulheres inteiras e ativas de todas as idades, cores e formas. Mulheres que interagem e abraçam a vida como der, puder e vier.
Sempre desejadas!








VOCÊ PRESTA ATENÇÃO NOS SINAIS?

foto: Andre Havt

É comum ouvir falar que precisamos prestar atenção nos sinais, nos sinais que a vida nos dá. Pois então, vamos a eles.
Agora, por exemplo, que estou escrevendo vejo muitos sinais, que outro dia não estavam por aqui. Ou eu não reparei? Ficar atenta aos sinais, às manchas e às rugas de expressão. Todos eles dados pela vida, registrados nas mãos, braços, colo, rosto. Por que essa luta ingloria contra todos eles? Nossos sinais. Resolvi dar a devida atenção que eles merecem, olha´-los com outros olhos. Não de exterminadora, mas de companheira. Talvez eles tenham algo a dizer. Vamos lá companheiros, vamos seguir nessa jornada, outros se jutarão a nós, assim dia após dia. Sem estardalhaço.
As manchas senis, por exemplo. Numa época da vida tinham o nome de sardinhas, davam até um charme. Mas hoje são senis. E se tivessem outro nome seriam menos... senis? As do meu rosto são chamadas de cloasmas ou melasmas que vem com a gravidez.
Todas elas um registro de que vivi. Sem filtro solar, ou pelo menos não com o suficiente, é bem verdade, mas vivi. Tive um filho, fui à praia. Nossa e como fui à praia. Numa época em que se ia à praia sem preocupação, que bom que fui à praia na época certa, aquela que não se tinha preocupação.
E sorri e gargalhei. Chorei, lógico, mas ri mais do que chorei. Que bom. E cá está a prova disso, minhas rugas ao redor dos olhos, meus pés de galhinha, meus bigodes de chinês. Provas cabais de que me emocionei.
Algumas pessoas quando nascem vestem uma camisa branca de pano e terminam a vida sem se amassarem, com a mesma camisa. Impecável. Alva, bem passada, colarinho certinho do começo ao fim. Incrível! Dá para crer? É bonito de se ver. Jamais de ser.
Pra que serve viver se não for para sentir, pensar, refletir. E refletir faz a gente franzir a testa, não faz? A minha testa franze, graças a Deus! Tem um vinco bem no meio que me dá o maior orgulho. Profundo. Denso. Eu penso. Nem sempre coisas que valham a pena, mas penso. Pratico. Não desisto. E gosto de praticar essa dádiva usando todos os recursos, inclusive, os movimentos da minha testa. Com isso envelheço, meu rosto envelhece. Já não tenho mais cara de criança por que não sou. Acredito que as pessoas me veem com a idade que tenho, talvez um pouco mais. Que bom.
Quero ficar velhinha com cara de velhinha, tipo vovó. Sacudida, mas vovó.

9 comentários:

Mari disse...

um caminho real que precisa ser reafirmado, sempre. Uma idéia difícil de manter, à margem.
Parabéns, querida, adorei!

Anita disse...

Olha, eu seou conservada (no formol)e nao fico franzindo a testa nem pegando sol sem filtro. Assim todos podem ver que tenho 39 anos mas um rostinho de 38. E quando tiver 100 anos vou estar com um corpinho de 99, uhuu !!!

André Havt disse...

Sinais da verdade.
Sinais do orgulho.
Sinais de coragem.
Que venham os sinais.

Maria Lúcia Poyares disse...

Cladia, envelhecer enfrentando a idade é glorioso, mas, algumas vezes ao tentar contar os sinais é tão dificil....
Parabens pelo texto !

Fernando Borges de Castro disse...

Oh Claudinha, como não tem cara de criança... Então eu já sou um velho gagá de quase 40 anos. A propósito vamos continuar indo muito à praia e curtindo a vida e nosso planetinha. Quero você no meu niver de 40 viu. Grande beijo nesse rostinho de neném, Fê

Unknown disse...

Pra falar a verdade, encaro melhor meus cabelos brancos (que tenho a maior preguiça de pintar) do que os sinais... mas tudo bem... não esquento não... mas vou me cuidar com todos os creminhos que tiverem ao meu alcance...

Anônimo disse...

Lindona,
Amei, parabéns!!!!
Matilde

Anônimo disse...

Sinais, nao sao um delicia? Mostram como passamos pela vida e como ela nos modificou. O amadurecimento deixa marcas, ainda bem!! Quem nunca imaginou como seria a vida a dez anos atras com a cabeca que temos hoje? Amadurecer e bom, gostoso faz parte da vida, e e democratico. Afinal, todos passamos por isso!!

Ana PAula

Flávio Carneiro disse...

Muito legal seu texto, Cláudia. Se você tivesse escrito isso numa prova quando era minha aluna na PUC, de Teoria da Imagem, tinha tirado 10! De forma simples e afetuosa, você fala de coisas fundamentais, como a memória, por exemplo, a memória não da nossa cabeça mas do corpo todo, e das coisas e pessoas em volta. Muito bom.