
Sempre que me envolvo em conversas sobre separações ouço versões, ou simplesmente vivencio. Mas penso que a maioria de nós mulheres foca errado a sua dor.
Como assim? Não me joguem pedras, calma, que explico meu ponto de vista.
A separação é sempre dolorida (com raríssimas exceções), porque uma das partes resolveu sair da história conjunta. A dor maior, que nos machuca, tira o chão, destrói o sonho, é que o outro não nos ama mais. Ou então se desapaixonou.
Daí, é que vem meu ponto de vista: porque precisamos buscar um culpado? E porque, geralmente buscamos a outra pessoa escolhida pelo nosso amor?
O problema não é a outra pessoa escolhida, é a nossa pessoa escolhida que não nos quer mais.
Não importa se a outra tem a metade ou o dobro da nossa idade, se é mais bonita, mais feia, mais isto ou aquilo. Ou ainda se é um outro.
Este foco numa outra pessoa que acaba recebendo nossa raiva, elocrubrações e até ódio, acaba tirando o foco do real fim da nossa relação com o outro. E também distorce a análise e superação do grande problema que estamos vivendo.Ouvi uma vez este comentário de um terapeuta e guardei e apliquei em minha vida quando o momento chegou. Juro, por tudo que é mais sagrado, que a gente consegue viver uma separação mais inteira e sem intervenções de vários tipos, torcidas contra e a favor, se a gente focar em si e no parceiro.
Esquecer que possa haver outra pessoa, nos faz mergulhar profundamente entre os dois amores que agora não são mais. Nos faz viver a tristeza com mais clareza e objetividade - mesmo que quase impossível, mas possível se quisermos de coração. Sim, este coração que agora está destruído, mas que voltará a tremer e se apaixonar.
É uma escolha menos "sociedade em geral" e mais somente "nós dois".
Penso que desta maneira, sem culpar um terceiro e olhando com olhos bem abertos pra dentro de nossa relação, podemos descobrir, aonde foi que o cristal quebrou e que começamos a remendar pedaços de vidro que um dia se espatifaram...ou não, como diz o Caetano.
O que quero falar aqui, é que é importante viver a relação
a dois, pelos dois até a última gota. Tentando deixar de fora as terceiras pessoas e a coletividade, muitas vezes erradamente cruéis com quem não tem nada a ver no assunto.
Tema delicado eu sei, mas que penso ser de importância para se tocar e debater. Pois, é na busca por novas maneiras de amar e se separar que podemos ser mais inteiras e menos "madalenas arrependidas".
Quem sabe um dia, possamos sair da vida de alguém da mesma maneira como entramos, com delicadeza.