Sônia Araripe
Há amigos que a gente acaba perdendo um pouco o contato mais próximo na corrida do dia-a-dia. Mas continuam sempre lembrados e próximos. Do lado esquerdo do peito, como canta nosso mestre Milton Nascimento.
Edmilson Silva é um destes. Baiano arretado, inteligente que só, trabalhamos juntos algumas vezes, ele enveredou por outras cidades, outras "praias" e perdemos um pouco o contato.
Felizmente, retomamos agora! Jornalista dos melhores na área científica, Edmilson é também poeta, fotógrafo bamba. Está lançando exposição na semana que vem.
Vamos lá prestigiar o baiano bom de Imagens e Palavras!
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Imagens e palavras em ritual de sensibilidade
Das reflexões acerca da fotografia, a mais assertiva é a de que toda fotografia nos faz pensar, pois carrega algo do objeto fotografado, carrega o pensamento daquele que a produziu e o pensamento de todos aqueles que para ela olharam. A imagem fotográfica é uma estrutura que nos conecta às palavras e às coisas, assim como um haicai. Edmilson Silva, com seu olhar para o simples, para o sem importância ou o pequeno, provoca-nos uma inspiração poética e nos propõe, com suas fotografias e haicais reunidos na exposição Imagens e Palavras, despertar dentro de nós um "estado do olhar", não mais e apenas como uma reflexão ou ato individual, mas, como um ritual, eminentemente sensual e sensível.
Serviço:Exposição Imagens e Palavras, de Edmilson Silva.
Curadoria: Eliane Gesteira
Promoção: Centro Cultural do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
Abertura: 31 de julho, às 12h
Período: 31 de julho a 20 de AgostoLocal: Saguão da entrada principal do Hospital do Fundão
Endereço: Rua Professor Rodolpho Paulo Rocco, nº 255 Cidade Universitária - Ilha do Fundão - RJ
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Conversa entre foto e imagem
Por Bárbara Copque
"Sem medo de contrariar o velho ditado popular chinês sobre a desnecessidade das palavras como companheiras das imagens, Edmilson Silva usa haicais e crônicas para embalar ou explicitar fotografias. Desse modo, por exemplo, a silhueta de um par de tênis, dependurado propositadamente na fiação elétrica urbana, tendo como fundo um painel com cores vibrantes, ganha o título de tênis noir e os seguintes versos: Depois de passear / pelo arco-íris, o homem / livrou-se (permanentemente) dos sapatos. A conversa entre foto e texto está presente na maioria das 24 cenas da exposição Imagens e Palavras, que será aberta às 12h do dia 31 de julho e fica em cartaz até 20 de agosto, no saguão da entrada principal do Hospital do Fundão. Esta é a primeira invidual do fotógrafo, cujas imagens integraram diversas coletivas, entre as quais, a mostra sobre festas brasileiras, durante o evento Santa Teresa de Portas Abertas, no ano passado.Embora recorra ao auxílio luxuoso, à coloração própria das palavras como coadjuvante das imagens, na mostra há fotos, à maneira convencional, "silentes": caso da cena em que uma mulher e uma menina, esta de, no máximo, dois anos, estão sentadas em um ancoradouro de barcos à margem do manguezal de Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio.As imagens foram colhidas em Brasília e Rio de Janeiro e entre elas estão desde jardineiros trabalhando em um canteiro florido da Esplanada dos Ministérios, o Sol nascendo atrás da Central do Brasil, pai e filho jogando bola na chuva, roupas em um varal a secar. E por aí vai. A curadora da exposição é de Eliane Gesteira, coordenadora do Centro Cultural do Hospital do Fundão, a partir do acervo disponível nos flogues do autor:
http://email.terra.com.br/cgi-bin/vlink.exe?Id=ek3VfcKIurT/vBgFvuM4DTYeV4MMd8nkYYslTBOGXrw8236tG2o0Jg%3D%3D&Link=http%3A//www.fotolog.com/edmilsonsilva e
http://email.terra.com.br/cgi-bin/vlink.exe?Id=ek3VfcKIurT/vBgFvuM4DTYeV4MMd8nkYYslTBOGXrw8236tG2o0Jg%3D%3D&Link=http%3A//www.flickr.com/photos/edmilsonsilva Segundo Eliane, na mostra, ela procurou seguir uma linha que "une a poesia das imagens, a poesia das palavras e a poesia da sonoridade das palavras".Edmilson Silva é jornalista especializado em assessoria de imprensa na área de saúde e tem a fotografia como passatempo desde os tempos da universidade. Colheu suas primeiras imagens com uma velha Xereta, câmera quase descartável e fabricada pela Kodak, nos anos 80, como forma de popularizar a fotografia. Depois passou pela Yashica e Nikon reflex e, atualmente, utiliza uma Sony, digital, naturalmente."