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A leveza da sustentabilidade de Mikhail Baryshnikov


O tempo costuma ser cruel com os bailarinos. Principalmente com as bailarinas.

Os artistas ainda conseguem perecer por mais algum tempo do que suas parceiras no palco. Rudolf Nureyev resistiu. Outros tantos também. Mas poucos, praticamente nenhum, com a aura e a leveza de Mikhail Baryshinikov.

Aos 63 anos (!), ele esbanja uma jovialidade que muitos com a metade da idade não conseguem mais envergar.

Quando entrou ontem de noite no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro para a segunda - e última - apresentação da turnê "Três solos e um dueto", parecia ter o frescor de alguém recém-saído de uma caminhada em Ipanema.

Charmoso, envergando um terno moderno, dançou sozinho ao som de "Valse-Fantasie". Esquentou o público que lotou a sala, agora totalmente reformada, ainda mais linda e histórica, um espetáculo à parte.

Quando sua partner no espetáculo, a espanhola Ana Laguna, entrou no palco para "Solo for two", já era de se esperar o resultado. A plateia delirou.

O encerramento do segundo alto foi "Years later", com Baryshnikov dançando com ele mesmo. Ainda jovem, na então URSS (nasceu em Riga, Letônia e deixou a Rússia em 1974, sendo recebido de braços abertos pela cosmopolita New York). Em um fantástico jogo de luzes e sombras, o bailarino tenta dar uma volta no tempo, aparentendo estar ainda mais jovial e leve do que naquela época das malhas pretas e sisudas dos 18 anos.

No intervalo é possível encontrar vips globais na plateia: parecia encontro do elenco de Passione. Mariana Ximenes, Cauã Reymond e sua Grazi Mazzafera, Maitê Proença, Carolina Dieckman, etc. Também Marília Pera e Camila Pitanga.

Volta o segundo ato e o astro parece estar ainda mais revigorado. Sentados perto do palco é possível sentir sua respiração, sua alegria e tristeza. Em "Place", os dois bailarinos parecem discutir a relação, tendo com cenário apenas um tapete e uma simples mesa. Genial, estupendo!

Os dois parecem ora valsar, ora discutir, ora morrer. Ana não deixa sua passagem ser apenas um arremedo perto de tamanho ícone. Tem expressividade e uma presença de palco incríveis.

O espetáculo acaba em cerca de 1h40 com gosto de quero mais. Baryshnikov e Laguna são aplaudidos de pé por longos minutos. Ninguém quer arredar o pé. As cortinas se fechame e aí fica o gosto de ter participado de um belo drible no tempo.

Ou alguém duvida que há algo mais fantástico do que um drible no tempo?

A turnê continua esta semana por Brasília (dia 4 nov) e segue para Lima, Peru (dias 8 e 9 nov), para se encerrar em Manaus, no belíssimo Teatro Amazonas, nos dias 14 e 15.

2 comentários:

Maria Lúcia Poyares disse...

Querida:
driblar o tempo requer muita e muita disciplina, mas vamos tentando.... é isso aí.
bjs

Mariangela Buchalla disse...

Lindo!